"Gustavo Fialho (Rorschach)"
O personagem tratado será um dos mais marcantes, peculiares e obscuros das histórias em quadrinhos, sendo compreendido não apenas como um ícone da nona arte, mas igualmente como um divisor de águas em uma das maiores empresas do universo das HQ's.
Falaremos de John Constantine, ou Hellblazer.
Dentre os grandes nomes que trabalharam e desenvolveram Constantine, podemos citar Alan Moore (Watchmen), Jamie Delano (Animal Man) e Garth Ennis (Preacher).
Sombrio, sarcástico, sedutor e poderoso, assim poderíamos definir John Constantine, mas ele vai além, bem além...
As características únicas e ao mesmo tempo presentes em vários outros personagens da história (HQ's, Livros, Cinema) se mesclam e dão forma á Hellblazer, formando assim um dos maiores e melhores anti-heróis já constituídos, gerando controvérsias até entre seus fãs sobre suas qualidades e defeitos. Fisicamente temos um homem britânico, com seus cabelos desgrenhados e loiros, mas constantemente aparenta uma expressão de exaustão e cansaço, sempre acompanhado de seu fiel cigarro. Os hábitos de Constantine não são louváveis e tampouco ortodoxos, mas a função desempenhada por ele garante a estabilidade no "nosso mundo".
A origem de John Constantine está registrada em Monstro do Pântano (Alan Moore), na qual houve um destaque impressionante, gerando uma iminente necessidade de desenvolvimento dele em histórias próprias.
As histórias que caracterizaram e tornaram Hellblazer essa "lenda" podem ser divididas em algumas fases, sendo, na minha opinião, as duas primeiras as melhores.
Entre os anos de 1988 e 1991, Constantine ficou, literalmente, nas célebres mãos e na mente de Jamie Delano, sendo desenvolvidas histórias mais sombrias e pesada acerca da personagem, trazendo sua essência. Os títulos dados aos trabalhos de Delano foram os famosos "Hellblazer Origens" ou "Hellblazer Origins", divididos em sete volumes, os quais são considerados fundamentais para qualquer leitor que busque conhecer a fundo as histórias do, assim também chamado, "mago".
Garth Ennis foi o responsável pelo filho pródigo ou, considerado por muitos, o pai do selo Vertigo, entre 1991 e 1994, criou histórias fantásticas e ainda mais aterradoras, concluindo assim a "era de ouro" de Constantine. As publicações ficaram sob o título de "Hellblazer Infernal" (muito apropriado ao trabalho feito), e foram divididas em oito números.
Entrando no magistral (assim esperava-se) século XXI, tivemos uma grata surpresa, com Brian Azzarello assumindo o comando, ficando com o trabalho entre 2000 e 2002.
Os trabalhos seguintes ficaram á cargo, dentre outros, de Denise Mina, Andy Diggle e Peter Miligan.
Na comemoração dos 25 anos de aniversário da primeira aparição de Constantine, Jamie Delano foi convidado para escrever novamente uma história de John Constantine, e obviamente tivemos uma obra incrível, intitulada Pandemônio. Diferente das outras histórias, em Pandemônio Constantine lida com situações diferentes, como atentados de guerra, percorrendo Londres e lidando com seres aterrorizadores. Este trabalho honrou a personagem e um de seus principais, senão o principal, desenvolvedores.
A passagem de Constantine para o selo DC gerou mudanças significativas na estruturação da personagem, deixando-a com um tom mais leve e adequável ao novo ambiente, fato este que desagradou fortemente aos habituais fãs que estavam acostumados com as histórias clássicas, principalmente os trabalhos de Delano e Ennis.
Concluindo... John Constantine é um ser extraordinário e sem a menor sombra de dúvidas um dos melhores personagens do vasto e rico universo da Vertigo, levando seus leitores desde o medo até os risos. Recomendo a leitura das histórias de Jamie Delano e Garth Ennis a qualquer leitor que se interesse por Hellblazer, ou por HQ's de forma geral, pois qualquer leitor e apreciador da nona arte, mais cedo ou mais tarde, com ou sem medo, vai se deparar com o olhar impactante, o sorriso sarcástico e com a fumaça do cigarro de John Constantine.
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